quarta-feira, 24 de abril de 2013

Lutas Parciais


Ecos de um Grito, 1937. David Siqueiros (1896-1974)
Uma pergunta nos foi lançada: existe aqui a tentativa de uma ‘teoria geral’? Respondemos que sim e que não. Dizemos sim para contrapor-se aos movimentos de remendos da ciência e estruturas socais. Dizemos não porque nenhuma teoria que se propõe geral, de fato é. Só o é quando na proposição de um novo horizonte que tornem obsoletos ou sem sentido os velhos padrões, paradigmas, sistema de valores, instrumentais, técnicas, instituições, organizações e conceitos. Uma roupa velha que se desgasta pelo tempo, cujo tecido que a compõe aos poucos se esgarça ou se rasga, pode ser remendada e utilizada, reutilizada, aproveitada, reaproveitada até um número considerável de vezes, durante um tempo demasiado longo. Porém, chegará um momento em que as rupturas de suas fibras far-se-ão tão evidentes que os remendos servirão apenas para ampliar as evidências de uma inevitável inutilização da peça. As feridas do remendo abrirão novas fendas, que revelarão outras, que desconstruirão outras etc. etc. É quando aquela roupa não mais atende pelas suas funções – de vestimenta, de conforto, de proteção, de identidade.
O velho tecido mantem-se tecido, mas não pode mais ser uma vestimenta. A tecnologia de suas fibras por certo é superior à da roupa anterior, mas, ainda mais certamente, é inferior às tecnologias emergentes.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Vontade de potência - de Marx a Nietzstche


Afirmamos que este trabalho parte da tese marxiana de que o início da história do homem dar-se-á quando a humanidade libertar-se das formas contraditórias de produção social. Contradições inerentes ao sistema que se confrontam com a sua própria evolução.
“O que é a sociedade, qualquer que seja a sua forma? O produto da ação recíproca dos homens. Os homens são livres para escolher tal ou tal forma social? Absolutamente não. Ponha um certo estado de desenvolvimento das faculdades produtivas dos homens e terá tal forma de comércio e de consumo. Coloquemos certos graus de desenvolvimento da produção, do comércio, do consumo e teremos tal forma de constituição social, tal forma de família, de ordens ou de classes, em uma palavra, tal sociedade civil. Coloquemos tal sociedade civil, e teremos tal Estado político, que é apenas a expressão oficial da sociedade civil.” Karl Marx, 1847, Miséria da filosofia

Ora, essa falsa sensação de liberdade nos prende a um modo de vida naturalizado que se propõe perene. A escravidão real apesenta-se com um novo revestimento de um caráter voluntário. A escravidão do trabalho, a escravidão da devoção às convenções, formalidades e contratos, a escravidão da beleza, do status e da corrida ao sucesso, a escravidão do ensino formal, das regras ilegítimas etc. A única liberdade que podemos esboçar é a de liberar a potência humana para o desenvolvimento da sociedade por meio da riqueza, tecnologias e das relações humanas que terão como base o comunismo das ideias, dos saberes e do trabalho humano propriamente dito.

sábado, 13 de abril de 2013

Por uma nova ciência; uma sociedade.

Por uma nova ciência é o objetivo que nos move. Que seja ela construída por muitas mãos, muitos pensamentos, divergências e diferenças.
Que venham crenças, descrenças, conhecimentos e saberes, mas ignoraremos as fundamentações estéreis, a crítica rancorosa e o deboche gratuito.
Estejamos maduros para a nova fase que se pronuncia pelas artes, ciências, política, economia e sociedade. A destruição das formas e estruturas vigentes anunciam um novo período.
As revoluções necessárias já iniciaram: não com destruição de máquinas, guerras nucleares ou catástrofes gerais, mas por meio de movimentos silenciosos, resistências globais, lutas geopolíticas e contestações.
Não somos filósofos, religiosos, sociólogos, cientistas, economistas ou marxistas. Somos apenas uma voz que se unirá a tantas outras no clamor de um novo mundo. Há muito o que se discutir, refletir, debater.
Pudera o meu anseio ser atendido de imediato, postando todas as ideias e pensamentos que já desenvolvi, mas então não seria este um espaço democrático. A ideia sem reflexão, sem debate, sem contestação, não transcende; portanto, caminhemos passo a passo, ideia por ideia, criação por criação.

O primeiro texto é um convite a despirmos dos preconceitos, de ampliarmos o senso de contribuição para além de universo circunscrito. 

...da nova ciência


Conclui-se que o trabalho de alterar as formas e mecanismos de pensamento que desencadeiam em construções coletivas no universo das instituições e todas as formas de vivência social está, de certo modo, destituído de qualquer valor real que possa refletir sobre as condições atuais do planeta – que se constitui de uma nova geração que não se contenta e não se felicita com o que está disposto, nem sob as formas, nem sobre o conteúdo. 
O renascimento, mais uma vez, das artes e das ciências, representa agora uma nova universalização de conjunções que culminarão em desconstruções do instituído e das formas construídas que promoveram a sintonia dos sujeitos e dos objetos. Abraçamos a ideia de que o mundo que se configura hoje não pode ser visto sob os mesmos prismas instrumentais da ciência antiga ou pré-histórica.
Muito temos caminhado no sentido de desenvolver novos horizontes a serem vislumbrados por instrumentos mais precisos e tecnologias mais humanas. Isso significa que não tomaremos partido com relação às escolhas que a humanidade fará a partir das modificações que se darão sob a orientação do mundo imaterial. Cabe ao ser humano utilizar-se do seu livre-arbítrio no sentido de decidir sobre os rumos possíveis que se mostrarão num futuro próximo. É o homem o sujeito do processo. Essa negação do sujeito pela coisificação dada e alimentada pelo sistema será superada por outro movimento que valorizará o homem como centro-parte do processo.