Ana encarnava o preceito de ser ética defendendo que era necessário manter-se ético nas escolhas econômicas e sociais e para tudo usava a racionalidade acrescida de bom senso e uma boa dose de ética. Certa vez Ana teve um filho a quem muito amava e em todas as escolhas de consumo Ana sempre optava por aquele que respeitava os seus princípios até que a criança atinge a idade escolar e tem início o dilema de Ana. Ana era uma mulher de posses, mas acreditava no ensino público embora todos os indicadores, palpites, opiniões e algumas constatações indicassem o contrário, mas Ana não se dobrava, mantendo-se firme em sua ideologia, ao mesmo tempo em que observava o quão frágil e precioso era o seu filhinho. Então a ideologia de Ana expõe sua fissura. Havia ali uma linha de fuga quando Ana constata que a segurança do sistema de ensino público era demasiadamente frágil e colocava em risco a integridade do seu filho querido. Como resolver tal caso? Era certo abrir mão de uma decisão que considerava ética em detrimento da segurança do filhinho ou era preciso abdicar da ética em prol do interesse individual? Ana não se conformava com qualquer das duas possibilidades. Estava certa de que não poderia abrir mão dos seus princípios e se debruça para uma solução. Ana resolve o dilema: decide ela que enquanto o seu pequerrucho necessita de proteção e que sua vida é muito preciosa para correr risco num sistema frágil ela deverá prover o filho com uma educação privada que oferece melhor segurança e que quando ele estivesse maior, depois de preparada as suas defesas, ela poderá finalmente cumprir com sua ‘obrigação’ ética e matricular o filho numa escola pública. Vejam! Ana resolve o dilema de maneira ética já que conseguiu dar a volta nos seus princípios e achar uma solução para o seu problema.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
Sociedade da Práxis Morta
Não podemos abandonar a hipótese de um neo-obscurantismo especializado, produzido pelos mesmos movimentos das especializações, no qual o próprio cientista torna-se ignorante de tudo aquilo que não concerne a sua disciplina e o não-especialista renuncia prematuramente a toda possibilidade de refletir sobre o mundo, a vida, a sociedade, deixando esse cuidado aos cientistas, que não têm tempo nem meios conceituais para tanto. Situação paradoxal em que o desenvolvimento do conhecimento instaura a resignação à ignorância e o da ciência significa o crescimento da inconsciência (MORIN, 2005, p.17)
Que nos cobrem meios de resistir a esse conformismo, mas não me convidem aos sítios de lugares comuns, onde por tais paragens jazem teorias e escolas divisionárias. Que nos seja permitido cometer heresias teóricas, devolver filosofia à consciência e fazer com que a filosofia tome ciência.
Ora, qual é pois essa ciência que insulta a utopia que lhe alimenta? Qual é a ciência que vampiriza a sociedade e se alimenta de paradigmas mortos? Que ousadia é essa que vive a pedir paciência à miséria, às angústias e à esperança enquanto embriaga-se do vinho envelhecido? Não se apercebe ela que o vinho já se tornou vinagre e que o torpor é intoxicação que produz cegueira?
Não queremos essa ciência de oposição ao que está ao sol, brigando por uma ponta de claridade, mas que foge sempre do confronto final. Se diz ser prudente e alimenta a esperança de seus adeptos onde os mais humildes a obedecem obcecados em descobrir um pano de remendo e os mais ambiciosos anunciam a descoberta do véu de Isis. [PAUSA]
sábado, 15 de junho de 2013
Liberalismo cínico
domingo, 12 de maio de 2013
A miséria de um consumismo opulento
Uma importante teoria do crescimento econômico defende que o consumo de massa é a última etapa que o coroa. Seria uma espécie de termômetro que sinaliza o aquecimento máximo da produção industrial e consumo de bens duráveis. Nesse estágio, haveria aumento da renda da população gerando demanda suficiente para sustentar o nível da oferta de bens. Então, se é preciso um alto consumo para crescer, o consumismo é desejável para que o país abandone o estigma do subdesenvolvimento?
Um alto nível de consumo estimularia a produção gerando empregos, aumentando a renda e formaria o círculo virtuoso da atividade econômica, mas não podemos deixar de considerar que também pode gerar inflação, endividamento e a insustentabilidade em longo prazo. Quando o assunto é consumo, há um problema muito mais complexo que se oculta sob as leis econômicas e que deve ser cuidadosamente analisado além das aparências e é esse o objetivo desse texto: dissertar sobre as causas que antecedem e impulsionam o consumismo.
sábado, 4 de maio de 2013
A tese e a antítese
Eis que finalmente alcançamos o entardecer da era moderna. O mundo novo envelheceu. A corrosão do tempo atingiu o coração do sistema tornando frágil o vigoroso gigante. Ante o monumento vislumbra-se o poder e a potência de algo que se apresenta como intransponível, absoluto, permanente. Crises, ciclos e todas as ordens prevendo apenas a única lei possível: a de que o capital manteria a sua centralidade ainda com mais vigor. Lei; fato observado; verdade estabelecida; regra inviolável - não fosse a existência dessa espiã que a sequencia dos fatos persegue: a história.
Pudera o registro da história se apoderar dos fatos de tal maneira que o presente fosse nominado, contextualizado e processado positivamente de tal maneira que fosse possível afirmar: estamos atravessando tal ou tal período. Ou de outra forma: se finda mais uma era! eis a nova que se apresenta! assisto ao nascimento de um novo sistema cuja ordem em muito difere do precedente! Mas nada disso nos é ofertado. Temos apenas uma intuição histórica de que algo novo nos sucede, de que alguma transformação se desponta, de que o existente engendra-se ao que se estabelece. A morte não é estanque; é um processo. Processo que anuncia a chegada de algo e a partida do que ainda vive. Enquanto processo não pode ser definido, não deve ser conceituado. O passado não se extingue e o futuro não se divorcia dele. Tudo é transformação, evolução, progressão, por isso nossa dificuldade perceptiva porque o caos faz parte do ciclo de renovação, de reconstrução e não há linearidade nos movimentos.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Lutas Parciais
Ecos de um Grito, 1937. David Siqueiros (1896-1974) |
O velho tecido mantem-se tecido, mas não pode mais ser uma vestimenta. A tecnologia de suas fibras por certo é superior à da roupa anterior, mas, ainda mais certamente, é inferior às tecnologias emergentes.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Vontade de potência - de Marx a Nietzstche
Afirmamos que este trabalho parte da tese marxiana de que o início da história do homem dar-se-á quando a humanidade libertar-se das formas contraditórias de produção social. Contradições inerentes ao sistema que se confrontam com a sua própria evolução.
“O que é a sociedade, qualquer que seja a sua forma? O produto da ação recíproca dos homens. Os homens são livres para escolher tal ou tal forma social? Absolutamente não. Ponha um certo estado de desenvolvimento das faculdades produtivas dos homens e terá tal forma de comércio e de consumo. Coloquemos certos graus de desenvolvimento da produção, do comércio, do consumo e teremos tal forma de constituição social, tal forma de família, de ordens ou de classes, em uma palavra, tal sociedade civil. Coloquemos tal sociedade civil, e teremos tal Estado político, que é apenas a expressão oficial da sociedade civil.” Karl Marx, 1847, Miséria da filosofia
Ora, essa falsa sensação de liberdade nos prende a um modo de vida naturalizado que se propõe perene. A escravidão real apesenta-se com um novo revestimento de um caráter voluntário. A escravidão do trabalho, a escravidão da devoção às convenções, formalidades e contratos, a escravidão da beleza, do status e da corrida ao sucesso, a escravidão do ensino formal, das regras ilegítimas etc. A única liberdade que podemos esboçar é a de liberar a potência humana para o desenvolvimento da sociedade por meio da riqueza, tecnologias e das relações humanas que terão como base o comunismo das ideias, dos saberes e do trabalho humano propriamente dito.
sábado, 13 de abril de 2013
Por uma nova ciência; uma sociedade.
Por uma nova ciência é o objetivo que nos move. Que seja ela construída por muitas mãos, muitos pensamentos, divergências e diferenças.
Que venham crenças, descrenças, conhecimentos e saberes, mas ignoraremos as fundamentações estéreis, a crítica rancorosa e o deboche gratuito.
Estejamos maduros para a nova fase que se pronuncia pelas artes, ciências, política, economia e sociedade. A destruição das formas e estruturas vigentes anunciam um novo período.
As revoluções necessárias já iniciaram: não com destruição de máquinas, guerras nucleares ou catástrofes gerais, mas por meio de movimentos silenciosos, resistências globais, lutas geopolíticas e contestações.
Não somos filósofos, religiosos, sociólogos, cientistas, economistas ou marxistas. Somos apenas uma voz que se unirá a tantas outras no clamor de um novo mundo. Há muito o que se discutir, refletir, debater.
Pudera o meu anseio ser atendido de imediato, postando todas as ideias e pensamentos que já desenvolvi, mas então não seria este um espaço democrático. A ideia sem reflexão, sem debate, sem contestação, não transcende; portanto, caminhemos passo a passo, ideia por ideia, criação por criação.
O primeiro texto é um convite a despirmos dos preconceitos, de ampliarmos o senso de contribuição para além de universo circunscrito.
...da nova ciência
Conclui-se que o trabalho de alterar as formas e mecanismos de pensamento que desencadeiam em construções coletivas no universo das instituições e todas as formas de vivência social está, de certo modo, destituído de qualquer valor real que possa refletir sobre as condições atuais do planeta – que se constitui de uma nova geração que não se contenta e não se felicita com o que está disposto, nem sob as formas, nem sobre o conteúdo.
O renascimento, mais uma vez, das artes e das ciências, representa agora uma nova universalização de conjunções que culminarão em desconstruções do instituído e das formas construídas que promoveram a sintonia dos sujeitos e dos objetos. Abraçamos a ideia de que o mundo que se configura hoje não pode ser visto sob os mesmos prismas instrumentais da ciência antiga ou pré-histórica.
Muito temos caminhado no sentido de desenvolver novos horizontes a serem vislumbrados por instrumentos mais precisos e tecnologias mais humanas. Isso significa que não tomaremos partido com relação às escolhas que a humanidade fará a partir das modificações que se darão sob a orientação do mundo imaterial. Cabe ao ser humano utilizar-se do seu livre-arbítrio no sentido de decidir sobre os rumos possíveis que se mostrarão num futuro próximo. É o homem o sujeito do processo. Essa negação do sujeito pela coisificação dada e alimentada pelo sistema será superada por outro movimento que valorizará o homem como centro-parte do processo.
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